Goose IPA

[19 ago 2015 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Meio Oeste no Brasil com a Goose Island Goose IPA (Foto: Pedro Mello e Souza)

Tem potência, aroma floral e trigueiro, casquinhas de limão no nariz e na boca. O paladar tem aquela secura e aquele frescor de uma IPA típica, com final de amargo que alarga a boca. Manto âmbar, carbonatação densa e uma textura que deixa a boca cheia. Petiscos e o hambúrguer de praxe são aos companhias. Mas arriscaria um camarão mais picante ou uma carne seca acebolada. É uma cerveja que viajou bem, e que antecipei assim, na coluna Letras Garrafais para o caderno Rio Show, do Globo, de  17 de julho:

 

Quem viu o filme “Perfume de Mulher” vai se lembrar da cena em que o Coronel Slade, personagem de Al Pacino, janta com o jovem Charlie no antigo Oak Room, em Nova York. Ao pedir a cerveja, ele brada: “Schlitz! Não tem Schlitz? Blatz! Não tem Blatz? Improvise”. Não dá pra saber que cerveja o pobre garçom trouxe, mas o certo é que o coronel se referia a duas cervejas do Meio Oeste dos Estados Unidos. Amargas como o personagem, que, obviamente, queria mostrar erudição, os dois rótulos eram de uma época em que pouco ou nada se sabia de cervejas artesanais.

 

Mas sabia-se algo de cervejas familiares, muitas delas de imigrantes alemães, que ajudaram a colonizar aquela área em torno dos Grandes Lagos, no fim do século XIX. Eram nomes como Pabst, Schmidt, e, claro, Schlitz e Blatz, que envolviam cidades como Milwaukee, Detroit e Chicago em uma disputa por um título megalômano, o de “capital mundial da cerveja”. Essas cervejas pingaram por aqui no início dos anos 80, naquela famosa abertura das importações, em que aqueles que se aproveitavam do momento e tinham o acesso às cervejas, trouxeram, mas sem continuidade no fornecimento.

 

Esse risco pode estar no fim com a chegada oficial de um dos rótulos mais celebrados do momento ao Brasil: a Goose Island, de Chicago. ao Brasil: a constância no abastecimento – as falhas já arruinaram muitas marcas, que acabaram substituídas, no paladar e no coração do cliente, depois de sucessivos clássicos dos bares brasileiros: “tem mas tá em falta”. Foi lançada em evento no Bar do Botto, na Tijuca em junho. E chegam com dois rótulos, o IPA e o Honker, que estão à venda no site da Empório da Cerveja por R$33 a dupla.

 

A Goose IPA é o que se espera: aquela fruta típica dos lúpulos. Aqui, são cinco, inclusive as clássicas cascade e centennial, usadíssimas no Brasil, e que trazem um maracujá no nariz tão característico quanto o do sauvignon blanc para os vinhos. No copo, uma belíssima cor dourada. Na boca, o malte que dá equilíbrio e bom corpo como, aliás, sempre foram as cervejas de tradição germânica da área, não fosse a cerveja mantida por um sobrenome igualmente alemão, o de Mike Siegel, o mestre-cervejeiro.

 

 


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