Asterix: 50 anos de gastronomia

[3 maio 2011 | Pedro Mello e Souza | Um comentário ]

Quando encerraram-se os trabalhos do Ano da França no Brasil, em dezembro de 2009, começava o Ano da Gália em todo o mundo, com a celebração do aniversariante de 2010: o personagem Asterix, o Gaulês. Eram 50 anos dele e de sua aldeia de guerreiros irredutíveis, criada pelo talento de pena e de pincel de Goscinny e Uderzo, que deram a seus personagens a rara presença de espírito de celebrar todo e qualquer momento em torno da mesa. Seriam os únicos, não fossem exceções honrosas como o Dudu, amigo de Popeye (e, mais ainda dos hambúrgueres), e de Dagwood Bumstead e seus sanduíches acrobáticos. Com uma ou outra atualização, a matéria foi publicada mais ou menos assim:

 

Encontro gourmet das damas da aldeia de Asterix, em "O adivinho" (c) Hachette

O Ano da Gália no Brasil

Asterix completa 50 anos de aventuras recheadas da mais pura gastronomia.


Há meio século, crianças dos 8 aos 88 curtem as aventuras de Asterix e seus companheiros de resistência gaulesa com uma única certeza: todas elas terminam em um banquete em torno de javalis dourados e suculentos. Ao redor das fogueiras no centro da aldeia que defendem, eles celebram uma trajetória recheada de humor irônico, de aventuras por todo o mundo, de sopapos nos romanos – e da mais farta gastronomia.

 

E o festim começa rapidamente. Logo na terceira página do primeiro livro da série, “Asterix, o Gaulês”, de 1969, os autores René Goscinny e Albert Uderzo já confessam suas paixões pelos sabores. É o druida Panoramix, mais velho e sábio da aldeia, que explica a Asterix que a mítica poção mágica, que dá poderes sobrehumanos aos habitantes da aldeia, pode ser preparada em sabores como lagosta, pato com laranja e omelete de queijo.

 

Mas é no quinto volume, “A volta pela Gália”, que a gastronomia torna-se protagonista. Diante de um cerco contra a sua aldeia, Asterix desafia os romanos a dar uma volta completa pela Gália ocupada e voltar são e salvo. Como prova, ele trouxe uma especialidade de cada região para servir em um banquete aos próprios romanos. Dito e feito, ele trouxe doces de Cambrai, bouillabaisse de Marselha, salada niçoise, vinhos de Reims (champanhe, claro, em um divertido exercício de licença histórica) e Bordeaux, salsichões de Lyon e ostras da Bretanha.

 

”]As ostras voltam à cena em uma discussão sobre como degusta-las em outras duas aventuras: em “Asterix, o Gladiador” (1964) e “Asterix e os Normandos” (1967). Outra discussão acalorada acontece na abertura de “Asterix nos Jogos Olímpicos” (1968), quando Obelix, o obeso companheiro do protagonista, e outros dois personagem discutem o que fazer com os cogumelos, se uma omelete, uma sopa, uma torrada ou um refogado.

 

 

A crítica gastronômica também ganha espaço , com as gozações que Goscinny e Uderzo fazem às cozinhas dos ingleses, dos normandos e até dos excessos exibicionistas dos romanos – nobres sempre à mesa -, com orgias que destacam desde tripas de urso ao mel até cascos de boi ao creme, passando por compotas de sardinhas e até umas certas ovas de esturjão, importada de países eslavos.

 

”]Mas os tributos regionais também são certos, com o chá de “Asterix e os Bretões” (1966), o fondue suíço de “Asterix e os Helvécios” (1970), os queijos fedorentos de “Asterix na Córsega” (1973), o peru assado de “A grande travessia” (1975) e os moules et frites, mexilhões com batatas fritas de “Asterix na Bélgica (1979).

 

 

E o inesgotável javali, sempre assado, dourado, presente em praticamente todas as refeições de Asterix, que o faz acompanhar de leite de cabra, pela cervoise (um rudimento de cerveja) ou pelos vinhos, assinaturas dignas de um autêntico brinde ao Ano da Gália no Brasil.

 

”]

 

ROTEIRO GASTRONOMIX

 

Javali (todos os volumes)

Sopa de Cebola (Asterix e o Caldeirão)

Fondue (Asterix e os Helvécios)

Bouillabaisse (Volta à Gália)

Salada niçoise (Volta à Gália)

Moules et frites (Asterix na Bélgica)

Ostras (Asterix, o Gladiador e Asterix e os Normandos)

Peru assado (A Grande Travessia)

Lagosta (Asterix, o Gaulês)

Peixe à Espanhola (Asterix na Hispânia)

Cogumelos (Asterix nos Jogos Olímpicos)

Pato com laranja (Asterix, o Gaulês)

 

 

No fim de cada livro, um banquete. E haja javali...

 

 

 


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Depoimentos

  1. Fernanda disse:

    Adorei!!!
    Você já havia comentado essa “Odisséia Gastrônomica” do Asterix. Curti muito o texto!