A libertação do ovo

[12 fev 2012 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

“DE VILÃO A HERÓI DA DIETA”

“Ovo ganha status de superalimento e médicos recomendam consumo livre”

Matéria publicada em O Globo, em fevereiro de 2009.

Outros posts envolvendo claras e gemas.

 

Ovo caipira, clássico de Roberta Sudbrack

Houve um tempo em que o ovo era apontado como o grande vilão da dieta, o responsável pelo temível colesterol alto, o maior pesadelo dos cardíacos. Quando os primeiros estudos revelaram que não era bem assim, que algumas gemas por semana não causariam esse mal todo ao coração, muitos comemoraram. Agora, novas pesquisas confirmam de vez que limitar o consumo de ovos não tem praticamente efeito algum sobre o colesterol. E foram ainda além: o ovo é um dos mais completos e ricos alimentos do ponto de vista da nutrição e deve ser consumido sem limitação como parte de uma dieta saudável.

 

Um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Surrey, no Reino Unido, revelou que, na verdade, as pessoas podem comer quantos ovos quiserem sem causar dando algum à saúde.

 

Ideias arraigadas precisam mudar

 

Os cientistas, que fizeram uma vasta revisão dos diversos estudos existentes sobre ovos, têm consciência, no entanto, de que a noção de que faz mal comer mais de três ovos por semana é ainda muito disseminada. Segundo eles, trata-se de uma ideia errada baseada em evidências desatualizadas.

— Existe colesterol nos ovos, mas ele não contribui de forma significativa para o aumento do nível da substância no sangue — afirmou, em entrevista à BBC, Victoria Taylor, da Fundação Britânica do Coração, uma especialista no tema.

 

Segundo o pesquisador Bruce Griffin, que participou da pesquisa, os ovos são, na verdade, componentes importantes de uma dieta saudável por serem, particularmente, ricos em diversos nutrientes importantes.

 

— A arraigada ideia de que o consumo de ovos está relacionado ao colesterol alto e aos problemas cardíacos é errada e deve ser corrigida — afirmou Griffin.

 

Publicado no “Boletim da Fundação Britânica de Nutrição”, o estudo sustenta que comer gorduras saturadas, por exemplo, é muito mais danoso à saúde.

 

— O volume de gordura saturada presente em nossa dieta exerce um efeito sobre o colesterol no sangue que é muito maior que o do ovo. As pessoas não devem limitar o número de ovos que comem, na verdade, elas devem ser encorajadas a incluí-los numa dieta saudável, uma vez que se trata de um dos mais completos alimentos da natureza do ponto de vista nutricional.

 

O grande mal entendido e a transformação do ovo em vilão ocorreu com a constatação — correta — de que os elevados níveis de colesterol no sangue aumentam o risco de problemas cardíacos. Mas somente cerca de um terço do colesterol do organismo é proveniente da dieta.

 

Sedentarismo e fumo: risco maior

 

Outros fatores como o fumo, o peso e o grau de atividade física podem influenciar os níveis de gordura no sangue, o colesterol e o risco de doenças do coração.

 

No Reino Unido, a recomendação de se consumir no máximo três ovos por semana foi derrubada já há dois anos pela Fundação Britânica do Coração em razão dos resultados dos novos estudos.

 

Entretanto, pesquisas apontam que 45% dos consumidores ainda acreditam que devem limitar a ingestão do alimento.

 

— Para baixar o nível de colesterol pela dieta, é mais importante reduzir o consumo de alimentos como carne gordurosa, laticínios gordos, bolos, biscoitos e massas — afirmou Victoria.”

 

Ovo frito: esplendor máximo da iguaria, na foto de Ryan Matthew Smith para a contracapa do livro Modernist Cuisine


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