O chocolate e a goleada

[12 fev 2013 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

 

No último Superbowl, São Fransico perdeu, por pouco, a chance de levar uma goleada do adversário – ou, como dizemos aqui, um tremendo “chocolate”. Mas quem vai a São Francisco pode levar o seu chocolate e sair ganhando. E bem, no caso do Ghirardelli, uma marca local que foi eleita oficialmente um dos ícones da cidade. Digo oficiamente por que estava em todos os frigobares dos hotéis da cidade, integrava alguns press-kits e, semanas atrás, chegaram a mim durante uma entrevista, como uma lembrança dos representantes da autoridade de turismo de lá.

 

Fiz alguma cerimônia com aquele tablete largo, mas como tenho amargas (sem trocadilhos) experiências de como os trópicos tratam produtos feitos em regiões temperadas, debulhei a bela embalagem, que já me sugeria, com duas informações no rótulo, uma degustação inquietante: o primeiro, os 72% de cacau, que sempre me dão a impressão – deixemos de modéstia – a certeza) de que nunca tinha comido um chocolate no Brasil. Logo no Brasil.

 

A segunda dica, a tipia: “Intense Dark”. Até ali, não tolerava chocolate escuro, portanto, amargo. Mas o aroma já era delicado ao debulhar o indefectível papel de metal. Na boca, cedeu como um creme. E o amargo, que eu esperava como a agulha de uma injeção, não era aquela industrial. Era de fruta. E veio: cereja, antes das manifestações de praxe, como cafés e tabacos. Intensidade anunciada, persistência surpreendente. Podem rir. Como não sou chocólatra e dedico toda a minha capacidade industrial aos salgados, não aos doces, o chocolate chega atrasado no meu paladar.

 

Injustiça, eu sei, mas a redenção chegou. E o chocolate me ganhou. De goleada.

 

 


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *