Rossj Bass

[6 set 2014 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Rossj Bass 2010, um supertoscano branco de vinha balzaquiana (Foto: Pedro Mello e Souza)

É assim mesmo, com jota, mas a pronúncia é mesmo Rossi, como em Gaja, Angelo Gaja, essa figuraça, que a gente acha que vem apresentar os vinhos, mas quer mesmo é bater um belo papo com o copo na mão. Nessa conversa, faz um palestrão sobre a região, as tradições da área do Langhe, dos seus pais, sobre filosofia, flores, arquitetura, sustentabilidade e, claro, minhocas. Acha que ficar apresentando atrapalha o papo e dispersa a atenção. “Esse negócio de wine dinner me irrita um pouco. Eu até tento falar dos vinhos,  mas acabo falando sobre outra coisa”, disse.

 

A chegada do vinho branco até que foi discreta, quase uma formalidade antes dos tintos – a expectativa era do brunello e do Ca’Marcanda, já entre os toscanos. Mas esse chardonnay chegou estalando, refrescando, secando. Mineral, macio, elegante no corpo e na acidez, chegou com aromas de muita fruta, pêssegos e melões. Na boca, maçãs maduras, cítricos nítidos, tangerina. Me gabo um pouco de falar desses detalhes depois que eu li a crítica da Jancis Robinson sobre o vinho: “flawless designer fruit”.

 

Esse que provamos é o de 2010, dentro do catálogo da importadora Mistral. Já traz mais de quatro décadas de experiência desde que o pai de Angelo deixou de lado as uvas brancas da região e começou as experiências com as estrangeiras. Experimentou o chardonnay e deu no que deu, após alguns anos de experiências inéditas, já que não tinham precedentes. Os antepassados acompanharam, provaram, mas quem batizou foi a filha de Gaja, Rossana, a Rossj, que dá o nome ao vinhedo, que deu a primeira fruta em 84, há exatos trinta anos. Um branco balzaquiano.

 

Para quem não queria apresentar nada, nada como uma bela apresentação.

 

 


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