A origem de todo o mel

[27 nov 2013 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Cosa Nostra: mel com açafrão Savitar

 

A rigor, qualquer tipo de flor de campo ou de árvores em florestas é uma matriz de pólen para o mel. Mas a história soube selecionar alguns dos tipos mais característicos, seja pelo perfume, pela untuosidade, pela cor, pela característica medicinal. Nas origens, flores, puras e simples, árvores de aromas sutis como a acácia ou proeminentes como o eucalipto ou ainda ervas como a sálvia ou o alecrim. (Fonte: A Enciclopédia dos Sabores)

 

Raviole de pato ao molho de mel, do Forneria São Sebastião.

Acácia

Mel de cor clara e muito doce pela concentração de frutose. É produzido com o pólen das flores dessa árvore, que liberam um princípio conhecido como metilcetona, o mesmo que se sente em alguns espumantes recém-abertos. É também uma das características de três apelações europeias, o Miel de Provence, o Lunigana e do Dolomiti Bullunese.

 

Aguinaldo

Variedade de mel de cor bem clara produzido no México, a partir de pólen da planta do mesmo nome, que floresce na época da Páscoa.

 

Alecrim

Ou mel de rosmaninho, como se diz em Portugal. É um mel de tom floral, apesar da personalidade herbácea de sua origem. É um dos tipos que integram o Miel de Provence..

 

Alentejo

Leque de quatro tipos de mel produzidos na região de Évora, durante as floradas de árvores como o eucalipto e a laranjeira. E de arbustos como a soagem e o alecrim. Sua apelação Mel do Alentejo DOP é reconhecida desde 1996.

 

Alfafa

Diz-se do mel produzido próximo aos campos dessa erva forrageira, mas que ganhou notoriedade ao rechear sanduíches naturais. Pela cor clara e a doçura sutil, é uma das variedades mais indicadas para adoçar o chá.

 

Assa-peixe

Se o mel é considerado uma panaceia contra doenças respiratórias, há a chance deste mel ganhar o aroma do ‘assa-peixe’, uma erva da família do boldo, que transmite aromas agridoces ao produto.

 

Dolomitas

Ou Dolomiti Bullunese, referência à região dessa vertente alpina da região do Vêneto. Conta com aromas florais – acácias, tílias, rododendros e dente-de-leão – e cor entre o amarelo-claro e o âmbar, além de consistência macia, como prevê o descritivo de sua Denominação de Origam.

 

Eucalipto

Mais comum de todas as variedades de mel, é também o mais herbáceo e o mais apreciado na panaceia contra corizas e resfriados, reflexo das propriedades já conhecidas do eucalipto. É um produto conhecido também por suas propriedades anti-inflamatórias.

 

Flor-de-laranjeira

Uma das mais antigas variedades de mel puro, já era apreciada pelos persas e tornou-se uma das mais comuns da atualidade. É também marcado pela cor escura de castanha.

 

Anticucho nikei com mel e gergelim, do La Mar (Foto: Tadeu Brunelli)

Framboesa

Diz-se do mel produzido próximo de framboeseiras selvagens. Ganha o aroma da flor da fruta e uma cor clara e brilhante, quase cítrica.

 

Galícia

Miel de Galicia, na denominação original desta IGP do extremo noroeste da Espanha, marcada pelos tons escuros e por aromas de flores de amoras, dente-de-leite, eucalipto, urze e castanheiro.

 

Hissopo

Erva mediterrânea muito usada no Oriente Médio, especialmente pelos povos do Levante. Seu sabor, que remete a alcaçuz, hortelã e tomilho, é aplicada na composição de molhos como o ‘zattar’ e em elixires e licores, entre eles o lendário Bénédictine e certas fórmulas de absinto. Alguns apicultores mantêm plantações de hissopo próximas às colmeias, pelo festejado mel que proporciona.

 

Lunigana

Ou Miele dele Lunigana, apelação do norte da Toscana protegida por selo DOP. É produzido a partir de pólen de flores de acácia e resulta em um mel fino, de cor muito clara e de aromas florais e levemente abaunilhados.

 

Medronho

Fruta silvestre cujo travo amargo é transferido para o mel de seu pólen (na Sardenha, o ‘miele amargo’) e para as aguardentes de seu mosto. Na aparência, é redonda e pequena como um limão, mas de casca vermelha e reticulada como a de um morango. Integra a corte do mel português conhecido como Serra de Lousã.

 

Sorvete de mel, no Mil Frutas (Foto: Adriana Lorete)

Pinho

Outra árvore que proporciona um mel de forte sabor herbáceo e de propriedades igualmente expectorantes, o que o torna indicado para o tratamento de gripes, resfriados e problemas respiratórios. No Brasil, é raro, pois as suas melhores variedades são, compreensivelmente, as do norte da Europa e do Canadá. A apelação Miel de Sapin des Vosges, desse mesmo tipo, é protegida pela União Europeia com selo IGP.

 

Polonês

Ou, originalmente, Miód Kurpiowski, tal como é reconhecido pela União Europeia, sob o selo IGP. É produzido em torno de diversas localidades da régio centro-leste da Polônia. Tem a consistência fina, cor amarelo-palha e paladar levemente picante.

 

Provence

Ou Miel de Provence, como prevê a chancela IGP, concedida pela União Europeia, em 2003. É um produto essencialmente floral e pode ser produzido por flores de plantas tão distintas quanto a colza e o alecrim ou como a lavanda e a sálvia

 

Sálvia

De apiários vizinhos a canteiros dessa erva muito aromática, que confere um aroma refrescante, que lembra a hortelã, e uma cor um pouco mais clara do que a do âmbar. É conhecida por ser um mel de propriedades tonificantes.

 

Serra de Lousã

Denominação de todos os tipos de mel da região de Beira Litoral, no concelho de Coimbra, em torno da cidade de Lousã. Lá, colhe-se o mel de cor escura, produzido com o pólen de árvores como o pinho, o zimbro, a bétula, a oliveira, a castanha e vários tipos de carvalhos.

 

Sapin des Alpes

Uma das poucas denominações de origem protegidas na Europa. Seu caderno de obrigações acusa um mel de textura fina, cor castanha e paladar maltado, resultado do pólen de pinhos da região montanhosa dos Vosges, que divide a apelação entre as regiões da Alsácia e da Lorena.

 

Tília

Conhecido no exterior como. As variedades mais conhecidas no Brasil são importadas sob o rótulo “linden honey”, embora suas variedades mais apreciadas sejam as sicilianas e as dinamarquesas.

 

Pavia: gorgonzola com mel, peras assadas no forno e nozes, do Focaccia Café (Foto: Carol Novaes)


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