O pato do dia

[7 abr 2011 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Garden: pato com azeitonas (foto: Camilla Maia)

Carne escura, de sabor rico pela sua natureza gordurosa, de presença universal, aplicação multidisciplinar, mas de uso subaproveitado na alimentação. Por que não comemos mais patos?

 

Enquanto nutricionistas, nutrólogos e antropólogos desvendam a questão, consideremos a iniciativa do empresário Jorge Renato Thomaz, dono do restaurante Garden, em Ipanema, que lançou seu próprio manifesto a respeito do tema: um cardápio inteiramente dedicado ao pato.

 

Ao preço único de R 39, no almoço ou no jantar, ele apresenta ao público uma série de receitas que mostram a versatilidade da ave. Entre as fórmulas francesas, três de origem na hotelaria: o pato com com azeitonas, as verdes, que equilibram o molho de redução; e o pato com laranja, em que a acidez corta a força da carne e de seu molho, com o que Alain Ducasse chama de “dolce forte”.

 

E o magret, peito assado, fatiado e servido como convêm: vermelho, quase au naturel. Peço humildemente àquele que preferir o prato bem passado: retire-se do restaurante.

 

As outras duas fórmulas francesas são mais antigas: no cassoulet, representado por uma leitura da casa à versão da receita de Toulouse, com o pato como um dos ingredientes. E no confit, em que coxas e sobrecoxas ganham um bronzeado incomum ao cozinhar lentamente, na própria gordura.

 

Este contato com a gordura resulta também no tom dourado de outra sugestão do cardápio: o pato laqueado, com destaque para a pele crocante, alvo primordial do gourmet de Pequim. Já no caso do pato no tucupi, a ave é assada e servida com jambu, que confere uma curiosa dormência na boca. E com o tucupi, um caldo fermentado de certo tipo de mandioca, um dos mais autênticos produtos de um Brasil

Pato no tucupi (Foto de Camilla Maia)

pré-Cabral.

 

Outras sugestões de inspiração italiana, como o risoto, lusitana, como o arroz de pato, ou internacional, com redução de vinho do porto, completam o cardápio de celebração do pato. O público tem até o dia 30 de abril para participar dessa imersão didática do paladar carioca aos sabores do pato.

 

Inclusive na Páscoa, quando a carne da ave é liberada pela ditadura da Sexta-Feira Santa.

 

Garden

Rua Visconde de Pirajá 631

Ipanema

Reservas: 2259-3455.

De segunda a sábado, no almiço e no jantar. Domingo, somente almoço.

Santo manobrista na porta

Mais detalhes sobre a casa em www.gardenrestaurante.com.br

 

 


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