Hello, Honey!

[27 nov 2011 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Mel nos bolinhos de Hosh Hoshanah, do Kukla (Foto: Tadeu Brunelli)

Mel e gafanhotos alimentaram São João Batista no deserto, diz a Bíblia. Mel e queijos foram os sustentos que Vênus concedeu a Pandareus, disse Homero. Mel e leite ilustram o paraíso do alcorão e deram título a um dos discos de John Lennon. É ingrediente certo da cozinha votiva dos orixás. E o mais comum dos ingredientes nos receituários de Apicius.

 

Por mais de vinte séculos, o mel foi a referência maior em doçura. Já cortou vinhos gregos e romanos. Integrou as mesas reais de persas e hindus. Dominou a confeitaria de persas e otomanos. Deu riqueza à massa dos biscoitos de toda a Europa anglo-saxônica. Tornou-se guarnição genérica na guarnição de pastéis comemorativos de carnavais que vão de Veneza à Estremadura espanhola.

 

Diante de todos esses dados, fica difícil estabelecer em que momento da existência do homem o mel ganhou trajetórias diferentes entre o imaginário e a vida real da alimentação – e da medicina. Mas, milênios após o contato do paladar com a doçura daquela substância de cor irresistível, de sabor inigualável, de untuosidade ímpar e de fascinante efeito energético, o mel ganha um formato profissional, que exalta os seus princípios naturais e cores e sabores específicos de cada região,

 

O orgulho de cada produtor gerou a sua recompensa: no início desse século, o mel ganhou uma rubrica específica no rol das denominações de origem da União Europeia. Nada mal para um ingrediente que já foi referência de romancistas, ícone de arcadistas e elemento de alquimistas.

 


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